top of page

Mastectomia: uma trajetória radical


O câncer de mama já é diagnosticado há milhares de anos e a sua remoção cirúrgica, através da mastectomia, também é uma técnica antiga.

No primeiro século dC, o cirurgião, Leonidas de Alexandria descreveu a sua técnica para remover a mama que envolvia a remoção e a cauterização do tecido com ferros quentes.

Durante a Idade Média, muitos cirurgiões começaram a usar a pasta cáustica que continha ingredientes corrosivos, tais como cloreto de zinco e estibnita, os quais quando aplicados diretamente na mama, promoviam uma necrose rápida, tornando-o mais fácil de ser removido.

A ilustração acima é uma demonstração da remoção cirúrgica da mama do ano de 1841, sendo de autoria de J. M. Bourgery, um médico e anatomista francês, e se encontra em seu livro Traité complet de l'anatomie de l'homme: comprenant la médicine opératoire (em português: Atlas de Anatomia Humana e Cirurgia).

Na década de 1860, Joseph Lister, um cirurgião e pesquisador inglês, iniciou uma nova era no campo da cirurgia, usando a teoria de Louis Pasteaur introduziu o ácido carbólico (fenol) como efetivo agente antisséptico, o que reduziu o número de mortes por infecções pós-operatórias. Há relatos de que Lister realizou uma mastectomia em sua própria irmã na sua mesa de jantar, utilizando o seu novo método de antissepsia.

William Stewart Halsted, cujo nome ficaria para sempre ligado ao conceito de cirurgia “radical”, não foi o pioneiro, como muitos pensam, no âmbito da mastectomia radical. Halsted herdou a ideia de seus antecessores e a conduziu à sua extrema lógica e perfeição, realizando cirurgias cada vez mais extensas e exaustivas, chegando a retirar, além da glândula mamária, não só os músculos peitorais, mas também costelas e outras partes da caixa torácica, linfonodos mediastinais, cervicais e axilares, clavícula e até o ombro de suas pacientes.

Apesar da extensão da remoção, grande parte das pacientes morriam nos três primeiros anos depois da cirurgia. Naquela época, os médicos não tinham noção de que a sobrevivência definitiva do câncer de mama, em suma, pouco tinha a ver com a amplitude da operação que o cirurgião realizara na mama. Dependia da amplitude da difusão do câncer pelo corpo antes da cirurgia.

Atualmente, com o aprimoramento das técnicas cirúrgicas, introdução da anestesia e técnicas de antissepsia e o auxílio dos exames complementares, a mastectomia constitui uma importante e segura opção no tratamento de tumores da mama, buscando o melhor resultado de sobrevida com um mínimo de perda estética, sendo um tratamento curativo em 98% dos casos.

Andréa Estrêla.

Referências:

O Imperador de Todos os Males - uma Biografia do Câncer. Siddhartha Mukherjee. Ano: 2012 Editora: Companhia das Letras. https://thechirurgeonsapprentice.com/2012/10/17/extraordinary-women-a-personal-look-at-breast-cancer/ BRASIL. Ministério da Saúde. Controle do Câncer de Mama – Documento de Consenso. 2004. Disponível em: http://www.inca.gov.br/publicacoes/Consensointegra.pdf

Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Nenhum tag.
Siga
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square
bottom of page